Porque muitas vezes, a força das palavras é tão forte que por muito que apertemos o torniquete acaba por gotejar alguma coisa. Pensamentos, por vezes pouco pensados, outros bastante sentidos. Alguns sem nexo para a maioria de vós. Todos eles parte de mim, com diferentes estados de espírito.
quarta-feira, março 16, 2016
O Lobo - Parte IV
Naquele sorriso a Loba relembrou-lhe,
O quão grande era o seu coração!
"Olha para mim" - dissera-lhe o Lobo
Para estas mandíbulas ainda tingidas de sangue...
Não sou mais que assassino!
Não sou mais que um ser que vagueia,
À espera da sua hora.
Nem o coração ficou. Esse...
Estilhaçou-se em tantos pedaços,
Que nem os sei contar.
E o tempo... nem sei quanto passou,
Demasiado!...
Olha para o meu pêlo,
Vê o quão branco está agora.
Vê o quanto me gastei nestes anos...
Não sou quem outrora fui.
Tornei-me feroz e solitário,
De peito tão vazio,
Que nem o vento gélido o faz sentir.
E estas patas...
Enlameadas, gastas.
Não têm conta os milhares e
Milhares de quilómetros percorridos.
E estes olhos...
Não brilham sonhadores, (como um dia fizeram)
São baços, mortos e cegos.
Já não vêem, só reflectem.
Não sou quem antes fui.
Não sou quem conheceste,
Não sou quem no passado amaste.
Esse partiu há muitos, muitos anos!
E eu lamento. Lamento mesmo muito.
23/01/2016
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