quarta-feira, março 16, 2016

O Lobo - Parte III

Após um ano a caminhar, Praticamente sem parar, o Lobo abrandou. Olhou para trás e verificou, lá do alto do cume O último troço caminhado. Hei de parar - pensou para si mesmo - mas ainda não é hora. E continuou, subindo, subindo monte a cima, Descendo vales. As mortes eram quase instantâneas. Apenas carne. Só isso. Sem a vertigem da caça. Apenas carne que vive, que se mata e que se deixa o restante a apodrecer. Andar, caminhar, esse é o objectivo. Tudo o mais apenas funções de sobrevivência. Num certo dia de caminhada encontrou A jovem Loba que teria sido sua companheira. (numa outra vida pensou) Tinha-se tornado numa bela e madura Loba. Olhando para si mesmo sentiu-se um farrapo. As patas feridas de tantas milhas feitas, olhos vazios, Mandíbulas ainda ferozmente pintadas da última morte que cometera. Sentiu-se envergonhado com o seu aspecto e com o seu coração tão vazio... Mas ela sorrira-lhe! 10/12/2015

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