quinta-feira, março 12, 2015

Alice Vieira, in "Os Armários da Noite"



Ainda a lembrar-me como hei de te esquecer,
Matar um sentimento bonito,
Por birra ou impotência, por medo,
Ou simplesmente por não se crer viver 
O lado mais bonito da vida.

Os males das vidas passadas que vivemos,
O hábito da segurança da solidão.
Achar que somos bichos não domesticados,
Incapazes de partilhar o coração...

Todas as obrigações e sonhos bem batalhados,
A vivência da vida comum do dia - a - dia.
"É tão difícil dar o salto"!
Que morra ali.

Guarda-se o bonito, sim. 
Guardarei sempre.
Os curtos meses duma felicidade
Diferente do que tinha provado.

Então que morra, que desmantele!
Deixai-me aqui, nesta vida comum sem ti,
Tentanto estrangular um sentimento...
Bonito, puro, sincero.


Quando vão, por fim, as pessoas aprender a aceitar o amor? A não colocarem barreiras? 
Estão as pessoas assim tão quebradas, com o interior tão negro, que mandam fora qualquer sentimento claro e caloroso?

Recusar-me-hei sempre fazer parte desse grupo.


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