Hoje é dia de Andrew Bird

Imitosis


Depois da data esgotada, decidiram fazer novo concerto ontem!
O S. Jorge rendeu-se e aconchegou o músico!

Depois de ler isto, fiquei muito ansiosa para o concerto de hoje!
"... o tímido Andrew Bird se viu "obrigado" a confessar o amor pelo nosso país. "Já há muito tempo que esperava voltar cá", contou, já perto do final do concerto. "Há outros países onde as pessoas também são hospitaleiras mas aqui, não sei, parece-me mais... genuíno. Good job on your country! ", acabaria por resumir, embaraçado como sempre que se dirigia à plateia.
... Andrew Bird apareceu em palco, pouco depois da hora prevista. Com o habitual, e discreto, fato escuro, começou por gravar a primeira de muitas "trilhas" no violino, colocando também a girar uma grafonola gigante de duas "cabeças" e atirando para um canto do palco os seus sapatos tipo bota. Sempre com um ar compenetrado, quase sisudo, a contrastar com o sorriso envergonhado com que assinala o final de cada música, o artista solta também o famoso assobio, ao qual o predicado "mavioso" não faz justiça, e a voz, insuspeitamente poderosa para alguém de aparência tão frágil e insegura.
Da cartola de Andrew Bird saiu então uma bela versão, dedilhada ao violino, de "Weather Systems", a encerrar um concerto onde é complicado escolher um ponto alto. Mas não falar de "Tenousness", a tal canção que o nativo de Chicago escreveu sentado num miradouro lisboeta*, ou de "Anonanimal", em que explora a sua profunda relação com a natureza, é ocultar algum dos mais belos momentos da noite."


*"Estava a meio de uma grande digressão e dei por mim numa esplanada em Lisboa, com vista para os navios a entrar no porto, a pensar: cá estou eu em mais um sítio na terra, onde as pessoas têm famílias, e onde há comércio e economia.... Quando se viaja muito, uma pessoa acaba por pensar: como é que isto tudo se aguenta em pé e não se desmorona? Estamos todos tão dependentes uns dos outros!", contou à BLITZ.

Desta reflexão em Portugal nasceu a canção "Tenousness" , incluída no mais recente Noble Beast .

"Quando viajei por Portugal pensei: eis um país que geograficamente é relativamente pequeno... Mas fui do ponto mais a Norte para o Sul e pensei: eh lá, que mudança tão drástica!", comentou Andrew Bird, numa entrevista por telefone.

"Não só no clima como na ideia que as pessoas fazem umas das outras, no Norte e no Sul - é bem diferente. Cheguei à conclusão de que, independentemente das fronteiras do país, vais sempre encontrar ou até construir as tuas próprias diferenças. Isso impressionou-me".

Dark Matter