" «Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta. Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de conhecer o poema antes de conhecer a literatura.Eu era de facto tão nova que nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste
mundo dito por ele próprio.»
Sophia de Mello Breyner Andresen, Arte Poética V"
Andava eu na primária, lia "A Fada Oriana", e um dia apareceu uma senhora na minha aula. Muito simpática, muito simples e meiga. A professora explicou-nos que aquela senhora era a autora daquela história, e que ia ler para nós.
Foi uma manhã muito boa, a voz calma, serena e meiga da doce Sophia entrou-me no pensamento e a partir desse dia "sonhar" teve um novo significado. Desde aí que não me importo que me olhem de maneira estranha ou que pensem parvoíces.
Aquela manhã para mim, foi como um sonho, imaginava-me a personagem da história que dançava ao som da voz de Sophia enquanto ela lia.
Desde aí tomei o gosto por esta autora, por esta grande mulher.
Despedi-me dela com, um abraço, um beijinho e um sorriso emocionado na cara a dizer um grande obrigada!
Foi uma manhã muito boa, a voz calma, serena e meiga da doce Sophia entrou-me no pensamento e a partir desse dia "sonhar" teve um novo significado. Desde aí que não me importo que me olhem de maneira estranha ou que pensem parvoíces.
Aquela manhã para mim, foi como um sonho, imaginava-me a personagem da história que dançava ao som da voz de Sophia enquanto ela lia.
Desde aí tomei o gosto por esta autora, por esta grande mulher.
Despedi-me dela com, um abraço, um beijinho e um sorriso emocionado na cara a dizer um grande obrigada!
Se há alguma personalidade que me marcou foi ela. E toda a sua obra. Tamanha paixão e doçura na escrita como nunca vi igual.
Para mim poesia tem um nome - Sophia. E quem me dera algum dia vir a escrever como tu! Não para ser conhecida, não tenho esse desejo, mas de fazer sonhar a quem lê.
Novamente obrigada!
Novamente obrigada!
"O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo"
4 comentários:
Também adoro Sofia... sempre me faz sonhar!
Beijinhos com carinho
Esta Senhora era um espetáculo! Que lindo poema! Quem me dera... ;)
Fantástica e sonhadora... sem dúvida :)
Sophia também povoa o meu imaginário infantil. Infelizmente não tive uma oportunidade como a tua, que deve ser realmente memorável...
Amo, mesmo, o que ela escreve relacionado com a praia e o mar. Acho que no fundo foi essa vertente que me fez gostar dela desde sempre.
Que bem que tens escrito Rute!
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