Lua...

Lá do alto o Sol se guarda.
Que fazes tu aí em cima?
Alcovitas sobre a vida desta cidade melancólica?
Causas insolações e queimas as íris de quem mais te quer?

Destronas os curiosos, digo eu.
Embalas quem te venera.
Sentes-te rei.
Que rico rei!

Ao fim do dia cais do trono e é ela quem reina.
Ela sim, traz mais, muito mais!
E à medida que o ano corre comprovamos isso.
Ela desperta os nossos sentidos.

No Outono gosta de nos desabituar da boa vida das férias.
De Inverno quer que nos acomodemos cedo no lar.
Gosta de ficar à espreita sobre as nuvens cinzentas.
Descansando da outra metade do ano.

Na Primavera ri-se sorridente, brilha linda para nós.
No Verão encanta, ilumina as nossas vidas, mesmo no escuro.
Amansa o calor que corrói, que nos mancha por aquele falso rei.
Sopra a brisa leve pela pele, e gosta de nos arrepiar.

Porque fala ela assim comigo assim à descarada?
Espreita curiosa o meu canto no carro.
Interrompe as minhas melodias entre cigarros.
Mas nunca lhe digo que não.

Ela sim, é ela quem amo, mais que ao Sol.
Não o desprezo, não.
Gosto de brincar com ele,
Gosto quando me seca a água fria do corpo acabado pela fúria do mar.

Mas ela compreende-me, sossega-me.
Dança para mim, mesmo tendo milhares de outras pessoas a olhar para ela.
Sei que mesmo assim é minha.

Sei que no meio de todo o mundo quando te olho, e o teu sorriso me enche o olhar, me sinto completa.