O tempo passa e passa velozmente! Os primeiros meses custaram como se me arrancassem carne de dentro de mim, tentei imensamente cravar as minhas unhas para que não a levassem, em vão. A dor era imensa! Com um último suspiro cerrei os olhos com força e gemi baixinho para que cortassem o último pedaço. E assim foi, caída de joelhos no chão coberta de suor e cansada deixei-me ficar. Não tinha força nem estofo para lutar mais.
Todas as recordações, todos os pedaços de papel... Arderam... Mas nem todos, alguns resistiram as chamas que bem os tentaram consumir mas em vão. Tudo acontece por um motivo certo? Mais cedo ou mais tarde pagamos pelos erros cometidos. Somos obrigados a mudar para conseguirmos caminhar sem ser em reflexo. Ergui-me, peguei nos papeis, nas recordações e guardei-as na caixinha que tenho no armário que contem todas as recordações dum passado bom. O mau sumiu.
Todos os sonhos, todas as vezes que acordei a ouvir o meu nome a ecoar na minha cabeça. Sabia que era o teu chamamento. Tentei sair e voltar mas o grande portão de betão feriu-me as mãos quando o toquei. Cicatrizes tenho eu a mais. Não quis mais! Saiam pensamentos, saiam! Desapareçam de vez! Pensei, implorei!
Anos se passaram, e o arrepio na espinha, o engolir de saliva a saber a ferro aconteceu. O desarme aconteceu, mas a capa que construí serviu-me de escudo.
Apenas quando as palavras chegaram, quando as armas foram deitadas ao chão, quando tirei a capa e me mostrei como agora sou... Só aí senti tudo a encaixar de novo.
A vida por vezes prega partidas de mau gosto. Tira-nos, rouba empurra-nos, para depois reconquistarmos tudo de novo. E por incrível que pareça tudo o que era mau sumiu. Serei eu capaz de servir ainda de berço? De escudo, de tudo o que dantes era?
"... o furacão passou, passou a brisa. Mas com o mesmo olhar profundo que vê para além do que está a vista." Por vezes preferia não ver, agora faço-me de cega. Arranjei problemas a mais por ver de mais. Mas em segredo te digo "é verdade..." mas a essência mantém-se. Evoluiu! Não é o que acontece sempre?
Sem segredos, sem guardas, sem... nada. Simplesmente aliviada.
3 comentários:
As pessoas evoluem, mas a arte de aprender com a vivência e as situações, pegando nelas e transformando-as em algo de bom, não é para todos.
Assim como não é nada fácil sarar algumas feridas e fechar na "caixa de pandora" os fantasmas diabolicos, para nunca mais saírem.
Há que aproveitar o presente, com tudo o que tem de bom!
Beijos
R.C.
Fiquei assim :D
Não acredito que tudo aconteça por um motivo... Acredito nas coincidências e não no destino. Prefiro acreditar que não vivemos como peões cujo jogo já está decidido.
Acho sim que devemos guardar sempre as recordações boas do passado numa caixinha, tal como fizeste.
Fico feliz por tudo encaixar de novo para ti ;)
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