Colagens

De que somos feitos? Colagens, digo eu. Colagens e recortes. Um junto de trabalhos manuais que vão ganhando corpo e textura.
Vivências, quer alegres ou tristes, choros e alegrias...

Quem me dera poder pegar em certas memórias, recortá-las e voltar a colá-las mesmo à minha frente. Quem me dera que certas pegadas se voltassem a cruzar. Sinto falta daquela dormência do nervoso, em que me encostava ao canto e observava... Aqueles caminhos que tanto amo, juntarem-se. Noites na praia, com a vodka... O tempo a ir aquecendo. A limpar dores com o vento. Sentir como que pla primeira vez os grãos de areia naquela praia e conhecer o teu sorriso. Aprender a amar-te, pelo amigo que és. Quem me dera fazer uma simples colagem que mudasse tudo.

Se pudesse pegava no nó que se deu e desprendia-o nem que fosse com os dentes. Não acho que esse nó seja tão forte assim. Os sorrisos e abraços, o amor que faziam tinha mais força que tudo! Eu olhava e sentia.

Pego nas pegadas de areia com cuidado e meto-as numa caixa para não serem levadas pelo tempo. Se um dia puder colá-las juntas de novo, fá-lo-ei. Por agora, vão estar bem guardadinhas. Num sítio só meu! Na minha caixinha das colas e tesouras.